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Conhecendo a comunidade 

O Jornadas na SynBio tem como objetivo conhecermos um pouco da intrincada rede que impulsiona a biologia sintética no brasil. Neste tópico especial, mergulharemos nas histórias e paixões que estão moldando a cena da synbio em nosso país. 

Entre nossos diretores da SynBioBR, o Diretor de Política e Regulamentação, Paulo Muniz, nos contou um pouco sobre sua jornada.

Graduando em Biomedicina pela Universidade Federal de Minas Gerais, o Paulo é cofundador e integrante da equipe iGEM UFMG-UFV 2022 e cofundador do Clube Biosin UFMG. Tem experiência na área de Biotecnologia, com ênfase em saúde humana. 

Durante o isolamento na pandemia, desenvolveu métodos alternativos de ensino em ciência STEAM, focados em biologia sintética. E trabalha no espaço biohacker, IdeaReal, auxiliando na consolidação de uma plataforma de ensino e avanço técnico científico da biologia sintética dentro da UFMG por meio de seus projetos de extensão.

Atualmente, Diretor de Política e Regulamentação da SynbioBR, pesquisador sênior do InuTech, um instituto de ciência e tecnologia (ICT) localizado em Brasília, em que atua ferramentas deep techs aplicadas ao contexto educacional do ensino básico brasileiro.

Como você se interessou inicialmente pela biologia sintética? 

“A primeira vez que ouvi falar em biologia sintética foi em 2009, por meio de uma notícia sobre o projeto genoma humano e suas implicações no mapeamento do genoma de outras espécies para o entendimento e manipulação na criação de vida sintética. Eu não sabia na época que um dos pesquisadores entrevistados nessa reportagem era o Craig Venter, mas eu fiquei fascinado pela possibilidade de “criar vida” de forma programada. Acredito que muito disso por causa de um sentimento de heresia advinda da ideia judaico-cristã de Deus como único criador. Aquilo me impactou profundamente. A possibilidade de assumirmos a direção da criação. Meio Nietzschiano, não? Talvez uma forma interessante para dizer “Deus está morto”. Só mais tarde, de forma não planejada, eu voltaria a me deparar com a biologia sintética, no curso de graduação.”

 

Pode compartilhar um projeto em que esteve envolvido e que teve um impacto significativo pra você? 

“A Competição Internacional de Máquinas Geneticamente Engenhadas (iGEM) foi uma experiência muito impactante para minha carreira. A ideia da competição é criar uma ferramenta biologicamente engenhada, usando biologia sintética, para atacar algum problema relevante. Os vários braços da competição me deram a oportunidade e a experiência de desenvolver a inter e multidisciplinariedade, tanto em técnicas de laboratório como na elaboração de atividades de práticas humanas. A minha participação ocorreu no ano de 2022 e decidimos desenvolver uma terapia alternativa aos medicamentos anti-helmínticos tradicionais. Modificamos uma bactéria da microbiota intestinal para que ela produzisse um biofármaco quando identificasse uma proteína específica da cutícula do verme. A proposta era inserir esse OGM em uma bebida láctea probiótica. Demos o nome de “Prochi”. ”

 

Algum projeto em especial que você se orgulhe?

“Para além da competição iGEM, ter co-fundado o Clube de Biologia Sintética UFMG é algo do qual me orgulho. Sobretudo, porque ele foi iniciado durante o isolamento pandêmico, quando o projeto tinha sido elaborado para ser totalmente presencial. Aprendi a improvisar melhor e ser mais criativo diante das limitações impostas pelos imprevistos. Publicamos um artigo educacional com o nosso modelo, contribuindo com metodologias alternativas de ensino em STEAM. Além disso, consegui enxergar a resiliência de parte da ciência brasileira diante das diversas adversidades. “

 

De recentes descobertas a empresas, tem alguma perspectiva na Biologia Sintética que te deixe empolgada atualmente?

“Duas perspectivas que ao meu ver serão extremamente disruptivas, a biocomputação e a computação híbrida, sendo uma convergência da biologia sintética, computação e  inteligência artificial. O objetivo é criar novas arquiteturas de processamento por meio de materiais totalmente ou parcialmente biológicos para superar as limitações do silício. Os estudos de I.A dependem da compreensão básica do funcionamento e das propriedades do cérebro, assim como o entendimento da natureza cerebral pode ser guiada pelos avanços da I.A. Essas duas perspectivas serão muito dependentes dos avanços em biosyn, pois dependem de modularidade e controle biomolecular/metabólico. Para os curiosos, deixo como referência o termo Organoid Intelligence (OI).”

 

Que conselhos você daria a estudantes ou profissionais que estão começando na área da biologia sintética?

“Um conselho que eu daria é buscar uma formação interdisciplinar, inclusive nos estudos de ciências humanas. A biologia sintética não é apenas mais uma ferramenta, é uma mudança de paradigma do humanismo. Entender filosofia, antropologia e, em alguma medida, história, pode promover um olhar bastante crítico e global sobre as demandas, desafios e implicações societárias deste século. Para além disso, obtenha um conhecimento intermediário em bioinformática, pois as intersecções da I.A com a biologia sintética já começaram e trarão grandes impactos.”

 

Diga uma curiosidade sobre você!

“Sou fã de música alternativa e experimental. Amo Bjork, Arca e Kate Bush.”

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